POBREZA
Hoje a pobreza mostrou-me a cara Olhou-me nos olhos e proferiu-me palavras. Ela é negra. Por mais jovem que seja possui rugas. Suas mãos são calejadas. Por mais brancos que sejam os dentes Seu sorriso é amarelado, cariado. Seus cabelos grossos, sujos, desgrenhados. Ela não tem altivez. Ela não tem vez. A pobreza, uma praga, é. Ela é homem; ela é mulher. Ela é magra. Ela é pálida. Ela é fome. Ela é dor. Não adianta ela gritar, Pois não virá nem um bem-feitor. Sua alma é corcunda, engelhada, Ela é mal remunerada. “Bem aventurado os pobre de espírito” Mas ela não tem carne Muito menos espírito. Ela é só osso. Ela é o osso. Osso de alguém que deveria ser gente Que nem a gente.
Manoel Barreto
Enviado por Manoel Barreto em 26/10/2012
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