Manoel Barreto

Escrever é meu divã. Escrever é meu teatro. Não me procure em minhas palavras, pois não me econtrará

Textos

CONFLITOS
O mundo me confunde.
As pessoas me desapontam.
Meus amigos não são dignos de confiança.
Meus conselheiros tornaram-se meus acusadores.
O amor mostrou-me os seus caninos.
O ódio sorriu-me sorrisos de meninos.
Meus sonhos tornaram-se pesadelos.
A cada manhã já não sou mais eu.
Não consiiiigo entender meus desejos.
O branco e o negro fundem-se em meu peito.
O que acreditava tornou-se mentira.
Meu sangue se carbonifica.
Meu coração se petrifica.
Meu cérebro se solidifica.
Dor que me atormenta
Gente de mente.
Gente demente
Gente que mente
Gente que não sente.
Nem o eco responde aos meus gritos.
Nem o mar leva as minhas tristezas.
Nem o mar traz as minhas alegrias.
Não vejo mais a minha estrela guia.
Os prazeres da carne me fatigam.
Os prazeres do espirito, por vezes, me ojerizam.
Meus sentimentos ascéticos
Por vezes, tornam-se cépticos.
O céu me causa vergonha.
O inferno me causa temor.
Não sei se ouço a Miguel, o Redentor
Ou a Lúcifer, o acusador.
Minha alma se divide entre o bem e o mal.
Por vezes se afastam
Por vezes se interceptam.
E é essa intersecção, entre o bem e o mal.
E é essa luta entre essas duas forças
Que me partem ao meio o coração.
Ando em busca do perdão.
Ando em busca da razão.  
Amo a religião.
Os religiosos me causam aversão.
Reverencio ao Criador.
A criatura, o homem, me causa pavor.
Essa dualidade,
Essa insensatez,
Essa frivolidade,
Essa estupidez,
Fazem de mim um ser estranho,
Um ser cosmopolita,
Um grande artista que diante do mundo
Tem que fingir que acha a vida bonita.
A dor que arde em meu peito
Não consigo expressá-la,
Não consigo arrancá-la.
Procuro me encontrar,
Mas onde quer que eu vá
Lá não estou.
Só há um vazio,
Uma sombra,
Uma penumbra.
A morte ou a vida
Eis a questão.
Manoel Barreto
Enviado por Manoel Barreto em 26/10/2012
Alterado em 26/10/2012


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras