LEGADO DOS PAIS AOS FILHOS
Cá estou eu com meus desabafos, ora pois! Entre alguns significados da expressão “legado”, destaco os seguintes: aquilo que se deixa por testamento a quem não é herdeiro forçoso ou principal; o que é transmitido a outrem que vem a seguir. O verbo legar tem o significado de transmitir, entre outros. É um verbo que tem dupla transitividade, ou seja, é bitransitivo. Explico-me. Esse verbo exige três argumentos, que orbitam em seu redor: um sujeito e dois complementos. Lembra-se das aulas de sintaxe? Quem lega, lega algo a alguém. Pois sim, o que quero com tudo isso? Sigam-me os bons! Estamos em plenos momentos festivos: natal, réveillon. É Jingle Bells pra cá, é Jingle Bells pra lá, é todo mundo querendo “muito dinheiro no bolso e saúde pra dar e vender”. As ações são a concretização das verdadeiras intenções. Já as palavras, nem sempre. Sou pai de três lindos e maravilhosos filhos (motivo de orgulho para mim, por isso gabo-me), sempre que vejo algo relacionado à educação de filhos interesso-me. Logicamente que nem sempre esse interesse é motivo de alegria. Infelizmente, há casos em que me entristeço ou indigno-me. Sei que sou responsável pelo que vou deixar de legado aos meus filhos. É ai que entra a aula de sintaxe: eu lego educação aos meus filhos, eu lego respeito aos meus filhos, eu lego honestidade aos meus filhos, eu lego saúde aos meus filhos. Consequentemente, meus filhos legarão educação aos meus netos, meus filhos legarão respeito aos meus netos, meus filhos legarão saúde aos meus netos ... e assim o legado continua na história das futuras gerações. Entendeu? Recentemente li uma frase da autora estadunidense, Ellen White, que dizia o seguinte: “A condição física e mental dos pais é perpetuada nos filhos. Esta é uma questão que não tem sido devidamente considerada. Sempre que os hábitos dos pais contrariam leis físicas, o dano que fazem a si mesmos se repetirá nas gerações futuras”. Não consegui esquecer tal assertiva, tamanha a sua importância, no que tange, não só à família, mas, acima de tudo, a toda a humanidade. Essa é a lei da hereditariedade. Não há como escapar. Fico a imaginar quão diferente seria o mundo se todos os pais, quer sejam biológicos quer sejam adotivos, dessem-se conta disso. Mas infelizmente o mundo caminha a passos largos em direção à degradação moral pelo descompromisso de seres irresponsáveis, que pensam que ser pai ou mãe é simplesmente “botar” outro ser no mundo e dar-lhe o que comer e vestir. Interessante a expressão usada para o nascimento de uma criança: dar à luz, em outras palavras, trazer para a luz. Alguns indivíduos acham que essa luz é a luz do sol. Pobres inconsequentes! Antes fossem dotados da esterilidade! Em certo sentido já o são, pois estéril também significa inútil. Graças a Deus que existem filhos que são pessoas idôneas, excelentes, sem os pais, com os pais ou apesar dos pais. Pura intervenção divina! O legado moral é o maior e mais excelente legado que os pais podem deixar a seus filhos. Durante esta madrugada, algumas famílias reuniram-se próximo a casa em que moro, para festejar o “natal”. Ali estavam todos comendo e bebendo. Sorriam e falavam em tons acima do normal, pois para serem ouvidos pelos que estavam bem próximo tinham que concorrer com o som, que se propagava de uma super caixa e que enchia a minha casa com sua ondas que se propagavam, inclusive. O pretexto para tal festa era a comemoração do nascimento de Jesus Cristo. Hum, hum! Já quase para o despontar do sol todos estavam embriagados. Todos. Pais e filhos. Ali estavam adolescentes bebendo cervejas, embriagados e namorando. Imitavam os seus pais. Afinal, essas atitudes são os legados que já receberam. Qual será o futuro das gerações vindouras desses sujeitos? Quer dá um palpite? Infelizmente, para alguns pais é mais fácil fechar os olhos da razão do que abrir mão de determinados desejos e satisfação. Esquecem-se que o exemplo é muito mais forte que a palavra.
Manoel Barreto
Enviado por Manoel Barreto em 25/12/2012
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