O PODER DAS PALAVRAS
Outro dia, num sábado, fui levar o meu filho de moto à igreja para tocar violão, quando na saída, o pneu furou. No primeiro momento não havia percebido, só depois de percorrer alguns metros, cem ou duzentos, talvez, é que percebi que a moto “dançava”, na parte traseira. Foi aí que paramos para procurar uma borracharia. Ao encontrar, verifiquei que havia um prego enterrado no pneu. Isso mesmo! Um simples e pequeno prego foi o suficiente para impedir com que a moto não mais pudesse andar. Se compararmos as dimensões, massa e força da moto com a do pequeno prego, chegaremos a conclusão de que a moto é um verdadeiro Titã em relação a um insignificante preguinho.
Ao esperar com que o borracheiro fizesse o remendo na câmara, fiquei pensando como isso é possível. Como algo tão pequeno e quase imperceptível pode fazer com que algo tão grande, como uma moto, um carro, um ônibus, um caminhão, uma carreta perdesse, ainda que por um momento, a sua utilidade, a sua força?!! Com nós seres humanos não é diferente. Constantemente somos atingidos por algo, às vezes, aparentemente tão insignificante, como o pequenino prego que furou o pneu de minha moto, e que nos deixa impossibilitados de prosseguirmos a nossa caminhada. Infelizmente alguma pessoas param no meio do caminho e nunca mais conseguem erguer a cabeça e seguir em frente. Essas pessoas não sabem que existe um “borracheiro” (ou sabem e não querem procurá-lo). É interessante que aquele preguinho sabia exatamente onde deveria atingir a minha moto. Ele sabia que sua investida em outra parte que não fosse o pneu, não provocaria uma pane geral. Ele provavelmente ao avistar-me vindo na moto, pensou: “lá vem ela! Preciso me posicionar bem, pra que tenha sucesso. Não posso errar o alvo, tem que ser o pneu. Lá vem, lá vem, lá vem, é agooora! Pega, sua otária! Agora você já era. Hahahahahahahahahahah”. Pois é! Assim são algumas pessoas que passam pelo nosso caminho. Elas posicionam-se estrategicamente, para na hora H lançarem os seus venenos e em seguida darem uma gargalhada. Esses tipos de gente não são poucas. Elas perambulam por ai atrás de um vítima. As suas principais armas são as palavras, que servem como dardos inflamados. Todos nós sabemos que as palavras são carregadas de significações. Todos nós sabemos que as palavras mal usadas ou ditas em momentos inoportunos são ferinas e até mesmo mortais. Quantas pessoas são verdadeiros mortos-vivos porque um dia, às vezes na infância, outras vezes, já fase adulta, tiveram seus sonhos assassinados pelo uso de palavras torpes ou por “brincadeiras” de péssimo gosto. E por falar nisso, o assunto do momento é o bullying. Nós precisamos ter muito cuidado com as nossas palavras, pois como elas podemos disseminar vida e com elas também podemos disseminar morte. São Tiago, em sua carta, escreve um capítulo sobre o mal uso da língua. Ele faz algumas considerações interessantíssimas, sobre o poder das palavras. Compara a língua a um leme de navio, o qual governa o navio e leva- o para onde queira o timoneiro. Usa uma metáfora ao dizer que “a língua é fogo; é mundo de iniquidade”. Ele diz também que “toda espécie de feras, de aves, de répteis e de seres marinhos se doma e tem sido domada pelo gênero humano; a língua, porém, nenhum dos homens é capaz de domar; é mal incontido, carregado de veneno mortífero”. Mas a frase usada por ele que eu mais gosto é esta: “Acaso, pode a fonte jorrar do mesmo lugar o que é doce e o que é amargoso?” Ah! pobre de nós.
Manoel Barreto
Enviado por Manoel Barreto em 21/03/2013
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