UM QUERER ESCREVER SEM SABER COMO
Tenho por diversas vezes tentado descobrir o segredo da arte de escrever bem. Tenho lido manuais de redação, manuais de como escrever bem, dicas de como escrever um livro, técnicas da narrativa, da descrição, da argumentação... ufa!! Faltou-me o fôlego, desculpe-me. Todas essas leituras, todos esses manuais infelizmente, apesar da boa vontade de quem os escreveram, não cumpriram com o prometido. Terminei a leitura deles com a mesma sensação com a qual iniciei: sem saber o segredo da arte de escrever bem. Pegar os instrumentos da escrita e seu suporte que, geralmente, são canetas, lápis, papel, computador, e para aqueles tradicionais, a velha máquina de datilografia, causa-me angústia de espírito. Quando estou diante de um papel em branco, seja físico seja virtual, fico olhando para dentro de mim por horas e parece que sou tal qual o papel que em minha frente está. Que sofrimento, meu Deus! Sabe por que estou falando sobre esse assunto? Não, é lógico. Se você fosse adivinho já teria ganhado na mega sena acumulada, não é mesmo? Mas não precisa ser tão impaciente comigo, afinal estamos apenas conversando como bons amigos que somos, por isso é que estou abrindo-lhe o meu coração. Pois bem! Agora vou responder a minha própria pergunta: estou falando sobre a dificuldade de se escrever, porque neste exato momento não tenho nada em minha cabeça para passar para o papel. O que há dentro de mim agora é apenas uma necessidade incontrolável de escrever. Agora,quando peguei o papel e a caneta, tive vontade de escrever quem sabe uma bela narrativa, um belo conto, uma bela crônica ou, quem sabe, um grande romance; sonhar não é proibido e também não custa nada nesse mundo capitalista, onde tudo tem o seu preço. E por se falar em Romance, eles são os meus principais professores de como escrever. Os Romances são professores humildes, modestos, pois não tomam para si à pretensão de querer nos ensinar a arte de se escrever, no entanto nos ensinam como nenhum manual o faz. É lógico que não estou falando de qualquer romance. Refiro-me aos clássicos, aos grandes, aos monstros da literatura brasileira, portuguesa e ocidental. Não foram tantos que já li, mas os que li foram e continuam sendo meus professores. Eis alguns: Anna Karenina, Crime e castigo, Dom Quixote, Dom Casmurro, o Cortiço, O alienista, Lucíola, Madame Bovary, entre outros. Agora estou lendo Relações Perigosas. Não poderia deixar de mencionar a Bíblia Sagrada, principal livro de todos. Não leio para ostentar-me, nem para fazer uma análise crítica da obra nem para fazer uma análise psicológica do autor ou dos personagens. Leio simplesmente porque gosto de ler. Leio para aprender novas palavras. Leio para podar o meu vocabulário. E leio, principalmente, para aprender a escrever. Escrever para mim, tem sido um manancial, uma fonte inesgotável de aprendizagem, de humanismo, de solidariedade, de sensibilidade, de humor, de fraternidade e amor ao próximo. Quando escrevo consigo ver o mundo não os olhos físicos, mas com olhos da alma e do espírito. Olhar para o papel em branco, e começar a preenchê-lo, é como olhar por uma porta que me mostra o mundo em 360 graus. Um olhar que consegue ver ao mesmo tempo tudo o que acontece a minha frente, aos meus lados e atrás de mim. Escrever é meu prazer.
Manoel Barreto
Enviado por Manoel Barreto em 26/11/2013
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