MISSÃO CUMPRIDA
Fato tipicamente louvável para um pai ou uma mãe, ou para os dois, ou até mesmo para aqueles que acumulam essa nobre função particular, mas de alcance público, denominados carinhosamente de “pãe”, ou seja, pai e mãe, é ver sua prole “refletindo”, quase que involuntariamente, os ensinamentos, de nós pais.
Ser pai é dádiva divina. As sagradas Escrituras dizem que o fruto do ventre, os filhos, são heranças de Deus. Ser pai, é ser um paciente artífice, um paciente oleiro, pois queiramos ou não, moldamos os nossos filhos. E se essa moldagem não for feita de maneira me-ti-cu-lo-sa-men-te, sem pressa e com um olhar atento aos menores índices de avaria, de arranhões, de rachaduras, então, daremos ao mundo pessoas com defeitos, não de fabricação, mas de acabamento porque não nos cabe a nós a fabricação, mas tão somente o acabamento. Prova cabal disso, é quando um casal coabita, não tem o poder de escolher o sexo, a cor da pele, a dos olhos, a textura dos cabelos, mas cabe ao casal entregar para o mundo um homem ou uma mulher que saiba respeitar a Deus e ao seu semelhante; que saiba que aquilo que não é seu, não deve ser tocado; que saiba que o outro também sente dores, quer física quer emocional; que saiba dizer não, ao que se deve dizer não; que saiba que um dia ele ou ela também será pai ou mãe, e que por isso, antes mesmo de se tornar pai ou mãe, deve saber honrar os seus pais terrestres e seu Pai celeste. Falo dessas coisas porque meu filho caçula acaba de passar para uma nova fase da vida. Agora ele já está conhecendo (faço uso do gerúndio, pois esse conhecer é uma ação que durará até o final de sua vida) o peso da responsabilidade do trabalho “extraclasse”, afinal de contas a nossa casa é a “Escola”. Fiquei observando o seu jeito ao chegar em casa à noitinha. Chegou cansado (esse período, ele vive cansado, afinal a responsabilidade nos fatiga), mas com um semblante um tanto quanto “cínico”. Havia em seu rosto um leve sorriso. Daqueles que “escrevem” na nossa testa que temos algo a falar ou mostrar. Sentou-se ao sofá. Meteu uma das mãos no bolso de sua calça e puxou lentamente o seu primeiro salário e mostrou para mim e para minha esposa, sua mãe, como quem quisesse “tirar barato com a nossa cara”. Ficamos todos felizes. Ele começou a contar cédula por cédula. Ele nunca tinha visto tanto dinheiro de sua propriedade na vida. Tiramos algumas brincadeiras como: me empresta tanto, paga um lanche e coisa e tal. Mas o riso mais gostoso veio ao final quando começou a separar as tão sonhadas cédulas: dízimo para cá, cartão para lá, empréstimo para acolá... e no final ficou me olhando, entre risos, com umas três cédulas de R$ 10,00 na mão, e disse: isso foi o que me sobrou. Após rirmos muito, disse-lhe: “seja muito bem-vindo ao mundo dos adultos! Agora você sabe exatamente como papai se sente” e voltamos a rir. Senti-me realizado e grato a Deus por mais uma missão cumprida.
Manoel Barreto
Enviado por Manoel Barreto em 09/03/2014
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